Querido Sanidade
Muito tempo já se passou e o gosto amargo da angústia ainda
toma minha boca. Quantas vezes eu pensei em voltar atrás e chutar o balde, por
que, afinal, pior do que está não fica. O máximo que pode acontecer é ficar na
mesma situação: anestesiada, angustiada, completamente louca. E isso já se
tornou algo costumeiro.
Mas eu sabia que não podia fazer isso. Eu sei o porquê, mas
eu me esqueço dele agora. Eu me esqueço do porquê sempre que sinto a sua falta.
A esperança já está gasta de tanto usá-la como escudo, será
que eu não devia, simplesmente, sair gritando verdades para todo mundo? Jogar
pedras na sua janela até você aparecer e te dizer tudo que está corroendo minha
garganta?
Porém o nó foi dado por mim mesma a cinco meses atrás, e eu
garanti que ele estivesse bem firme para que eu não cometesse uma loucura como
essa que estou morrendo de vontade de cometer.
Porque eu dei esse nó? Bom, não me lembro.
Eu sempre acho que a dor presente é a mais doída e nunca
acredito quando me digo que a dor no futuro será pior se esta presente for
curada.
Escrever “sinto sua falta, onde você está?” em um papel e te
fazer receber seria perfeito se meus dedos não estivessem doendo. Meu corpo é
instintivo e conhece bem os disfarces da dor. Ah, é tão difícil contorná-la.
Ela é tão bonita a primeira vista.
Mas o que é mais difícil de aceitar é que fazer nada é o
certo. Fazer nada sempre foi o errado pra mim, mas dessa vez é
inquestionavelmente certo. Ou será que sempre foi certo? O certo virou errado
ou o errado virou certo?
Não dá mais sem você. Volte pra mim.
Com amor, Insanidade.