terça-feira, 24 de julho de 2012

Nome do blog mudou, link mudou, descrição mudou e anonimato mudou também.
Porque algumas mudanças são saudáveis

quarta-feira, 6 de junho de 2012


Querido Sanidade
Muito tempo já se passou e o gosto amargo da angústia ainda toma minha boca. Quantas vezes eu pensei em voltar atrás e chutar o balde, por que, afinal, pior do que está não fica. O máximo que pode acontecer é ficar na mesma situação: anestesiada, angustiada, completamente louca. E isso já se tornou algo costumeiro.
Mas eu sabia que não podia fazer isso. Eu sei o porquê, mas eu me esqueço dele agora. Eu me esqueço do porquê sempre que sinto a sua falta.
A esperança já está gasta de tanto usá-la como escudo, será que eu não devia, simplesmente, sair gritando verdades para todo mundo? Jogar pedras na sua janela até você aparecer e te dizer tudo que está corroendo minha garganta?
Porém o nó foi dado por mim mesma a cinco meses atrás, e eu garanti que ele estivesse bem firme para que eu não cometesse uma loucura como essa que estou morrendo de vontade de cometer.
Porque eu dei esse nó? Bom, não me lembro.
Eu sempre acho que a dor presente é a mais doída e nunca acredito quando me digo que a dor no futuro será pior se esta presente for curada.
Escrever “sinto sua falta, onde você está?” em um papel e te fazer receber seria perfeito se meus dedos não estivessem doendo. Meu corpo é instintivo e conhece bem os disfarces da dor. Ah, é tão difícil contorná-la. Ela é tão bonita a primeira vista.
Mas o que é mais difícil de aceitar é que fazer nada é o certo. Fazer nada sempre foi o errado pra mim, mas dessa vez é inquestionavelmente certo. Ou será que sempre foi certo? O certo virou errado ou o errado virou certo?
Não dá mais sem você. Volte pra mim.
Com amor, Insanidade.

Solteirices
Ontem eu percebi uma coisa que mudou minha vida. Ocorreu repentinamente, enquanto eu andava de ônibus. Estava confusa por algumas coisas que ocorreram e não entendia porque eu, logo eu, pensava tão diferente. Estava no final da minha viagem de ônibus quando esse pensamento veio a minha mente.
Eu não quero um namorado.
Parece uma coisa bem fútil de se pensar tanto. Mas só sei que, quando pensei isso, me abriu um sorriso no rosto e tive que repetir em voz baixa (talvez a senhora que sentava ao meu lado não entendeu) “Eu não quero um namorado”.
Não, eu não estou desesperada por um namorado. Ao contrário, não quero. Surpreendente, não é mesmo?
Algumas garotas se sentem EXTREMAMENTE pressionadas pela sociedade em ter uma cara metade aqui e agora. Talvez por que, em algum dia muito distante, alguém disse que precisamos de um namorado para alcançar o auge da felicidade. Bom, eu não preciso.
Eu sou feliz sem um namorado. Estou falando sério e não como uma desculpa para estar solteira. Se eu preciso de alguém que me conheça, tenho meus pais pra me dar colo. Se eu preciso conversar, tenho minhas amigas. Se eu preciso de um abraço forte, tenho meus amigos. Não que ter um namorado seja horrível: longe disso! Ter um namorado que amamos e que é importante para nós é muito bom. Mas o que temos que entender é que não temos que aceitar o primeiro pedido de namoro que aparece apenas por causa da pressão da sociedade. Ser solteira pode ser tão bom quanto não ser, apenas aprenda a ver desse modo:
Ser solteira te possibilita conhecer muita gente. Expandir suas amizades e te abrir para novas paixões. Porque ter várias paixões loucas é bom igual a ter um único romance. Você é quem decide o que vai fazer na sexta-feira a noite: sair com suas amigas ou ficar em casa, mergulhada em edredons, pipocas e filmes. Ser solteira é se deixar comer uns muitos chocolates a mais e depois fazer um jejum desesperado para a festa de sábado. É ousar na roupa, é dormir até mais tarde, é olhar aquele filme dramalhão apaixonado, tipo Titanic, do qual você esconde de todo mundo sua paixão. É exagerar na bebida, é começar uma nova dieta maluca, é ter picos de humor e não dever explicações a ninguém sobre eles. É por o som no máximo e sair cantando e dançando feito uma louca no seu quarto. É se arrumar pra ir pra escola e ir como uma mendiga para o shopping. É tirar um dia de férias do mundo todo: só você e você mesmo. É ter inspiração, é conhecer você e é melhorar-se.
E se você, por acaso, ainda não ama sua solteirice: digo a você que ser solteira te ajuda a, e é o primeiro passo para, encontrar um namorado.

"Inconscientemente, eu sempre acabo voltando para maio, para o início da melhor fase da minha vida. Inconscientemente, escolho músicas que me lembram de você e caminho por onde caminhamos juntos. Inconscientemente, eu abro minha gaveta, tiro suas cartas e as leio. Inconscientemente, me pego olhando para lugares vazios em minha casa onde você me beijou. Inconscientemente, sorrio com alguma lembrança boa sua e falo suas gírias. Inconscientemente, repito suas ações e escuto suas músicas preferidas. Gosto da sensação quando percebo que você ainda está em mim, e, para a minha alegria, essas sensações vem se multiplicando ultimamente, agora que já faz um ano. Apesar de eu ser a única que lembro isso."
Escrevi esse texto sem pensar uma vez, sem medir palavras. Cheguei a uma conclusão:
                                       Preciso de MU-DAN-ÇA, se é que me entendem.

Mais amor, mais tequila, mais feridas, mais música, mais loucura, mais amor. Mais é melhor.

A lágrima não é só de quem a chora
A lágrima não é só de quem a chora. A lágrima é de quem é o objeto que faz quem a chora chorar. A lágrima é do amigo que a limpa e é do consciente da pessoa que a chora. A lágrima é da raiva, da indignação, da tristeza. Da alegria.  A lágrima pode ser do seu acompanhante: o sorriso, o grito ou o lamúrio. A lágrima é do vento que a esfria, do sol que a aquece, da escuridão ou da claridade em que se encontra. A lágrima é do lugar onde acontece. A lágrima é do momento em que acontece. A lágrima é do lenço que a limpa. A lágrima é do planeta onde cai.
No fim, a lágrima é mais do mundo do que sua, e o mundo tem tantas lágrimas pra cuidar... Dezenas, centenas, milhares. Você não é o único que chora.
                               Limpe essa lágrima do seu rosto lindo e venha sorrir mais.

O pior desperdício de vida é:
Viver indo, mas não realmente viver.
Como um ônibus,
Que tem milhares de quilômetros rodados
Sem sequer sair da sua cidade.

segunda-feira, 4 de junho de 2012


O Submarino Amarelo
De todas as pessoas do mundo, eu gosto das que se diferenciam. Mas, dessas poucas, consigo deixar o grupo ainda mais restrito:
Cativam-me as pessoas felizes: que sorriem para estranhos e dão bom dia no elevador, que agradecem o atendimento no supermercado e que não te tratam com desprezo por você não usar a roupa mais cara ou morar no melhor condomínio do melhor bairro da capital do mundo. Cativam-me as pessoas que sabem viver a vida: digo, que sabem que a vida é muito mais que aquela festa no sábado, para a qual colocar um vestidinho curtésimo ou um boné novo e pegar geral parece ser essencial. Cativam-me as pessoas que assumem a sua personalidade e tem noção de que o ridículo não é ter cabelo meio roxo e meio azul, mas sim, ser alguém que não é. Cativam-me pessoas criativas e pessoas que se destacam pelo sorriso.  Cativam-me as pessoas que zelam por seu gosto e não deixam se levar por modinhas que vão aos seus extremos constantemente. Cativam-me as pessoas que tomam um porre com os amigos, mas não veem diferença alguma com ver um bom filme tomando suco de laranja com eles. Cativam-me as pessoas que gostam da sua família e dão valor a ela. Cativam-me pessoas que rompem tabus mundiais, como homens cavalheiros que não escondem os sentimentos e as lágrimas e mulheres fortes que batalham e correm atrás, algumas ainda sem perder a delicadeza. E cativam-me, por fim, os loucos assumidos, que estão sempre abertos a te mostrar que você não é o único louco – o que, na verdade, todos no mundo são.
(Sei que citei várias perfeições e vocês devem estar achando que os que me cativam são muitos. Sinto dizer que estão errados).
Talvez, numa imensidão toda azul, viver em um submarino amarelo não seja de todo anormal.

sábado, 7 de abril de 2012


O amor e a falta dele. 
Amei. Perdi meu amor.
Eu era uma pessoa antes de amar. 
Então, amei. Mas quando amei, eu vivi. Não só vivi, como senti. Senti o que eu nunca imaginei que poderia sentir. Enquanto amei, corri, voei, mergulhei no mais profundo de mim mesma, me tornei quem não sou ou fui quem eu realmente era. Corri até o mais longe, voei até o mais alto, mergulhei até o mais profundo. 
Mas eu mal sabia o que estava por vir.
Perdi meu amor. Depredei-me em meio a hipóteses que nem eu entendia. Fingi estar radiante enquanto sentimentos contrários me corroíam bem atrás do meu sorriso. Provei do choro mais amargo, da raiva contida mais profunda. De um ciúme que eu não sabia da existência. De um sentimento tão grande que eu não sabia nem sentir. Aprendi a mentir.
Mas foi aí, entremeio ao meu desespero, que fui. Protagonizei situações em que me deixei ficar à risca de pessoas que não sabia se confiava. Me conduzi à um lugar tão profundo de mim mesma, capaz de ultrapassar – e muito- daquele de quando amei. Encontrando um terceiro eu, um terceiro complementar, porém que eu nunca imaginei que existiria: um eu mais forte, capaz de passar por decepções frias vindas de pessoas outrora tão calorosas. Compartilhei meus medos com pessoas a quem devo muito hoje. Descobri que eu posso sim ser muito mais, juntar os meus três “eus” – e quantos mais houverem aí dentro- e voltar a viver novamente de um modo diferente, porém igual, desfrutando da experiência de tudo que o amor e a falta dele me proporcionou.

Hospital.
Ela estava infeliz, e não sabia o porquê. Corina um dia levantou, abriu os olhos e percebeu. “Estou infeliz” ela sussurrou para si mesma. Havia conseguido tudo o que queria. Era uma adolescente cheia de dúvidas, não sabia o que queria fazer do futuro. Seus pais lhe aconselhavam medicina, porque lhe daria um futuro feliz e maravilhoso. E assim foi. Corina, querendo ter uma vida maravilhosa, resolveu fazer medicina. Finalmente passou no curso mais complicado, depois de ter se esforçado dois anos para isso. Depois começou a faculdade e ela continuava estudando. Estudou para as provas, para os trabalhos, estudou inclusive para as próprias aulas. Corina estudou para conseguir a residência, e conseguiu, em primeiro lugar. Os seus amigos diziam que ela tinha uma vida perfeita, havia conseguido tudo oque ela queria. Isso enchia seus ouvidos, ela sorria, mas no fundo havia algum sentimento contrário. Corina se formou, e conseguiu uma vaga como psiquiatra no melhor hospital da cidade. Agora era uma mulher bem sucedida, a mais nova médica do hospital. Corina estava sentada numa poltrona gigante, com o ar condicionado ligado no máximo, a sala bem limpa e arrumada. Estava tudo perfeito. Mas será que ela queria tudo aquilo? Corina se sentiu enjoada e saiu da sala para tomar um ar. Saiu da ala da psiquiatria e passou pela ala de cirurgias. Acostumada, porém curiosa, olhava para os rostos dos enfermos que passavam por ela em macas ou em cadeiras de rodas. Todos que a olhavam, até os que não a olhavam, tinham um olhar vago. Como se estivessem em outro mundo. Em um campo de batalha mental, lutavam por sua saúde, lutavam por sua vida, lutavam contra a morte. Isso a abatia, então resolveu dar meia volta e, ao invés de ir para a rua, ir para seu lugar preferido no hospital: a ala da maternidade. Ela queria ter se especializado nisso, mas só de ver um bebê em uma situação de risco de vida, Corina se abatia e chorava como se não houvesse outra solução. Mas, apesar disso, gostava de lá. Era um lugar repleto de esperança em todos os lados. Risos de bebes nos quartos e choros dos partos soavam como música. A alegria dos pais era o toque final dessa melodia. Ah, como ela amava esse lugar. Porém, interrompendo a sinfonia, seu bipe soou: uma nova cliente marcou com urgência para daqui a uns quarenta minutos. Ela deu uma última olhada no local colorido e alegre e passou pela porta. Se havia a antítese morte e vida aqui, ela era muito bem escondida entre toda aquela esperança que pairava no ar. Corina estava agora de frente para toda a ambiguidade escancarada do resto do hospital. Hospital cheira a morte e vida. Soa como morte e vida. Se parece com morte e vida. Sente como morte e vida. Que absurdo, ela não podia ser a única a pensar assim. Ela tinha tudo. Tudo que ela sempre quis. Mas ela nem sabia o que queria. Tinha 26 anos e ainda não tinha ideia do que queria. Ela via seriados demais. Depois que os pais tatuaram medicina na sua testa, ela começou a olhar muitos seriados de médicos legistas, operações e etc. Achava que teria um chefe como o dr. Gregory House. Todo misterioso, que parecia não se importar com ninguém, mas que tinha um bom coração. Ou ela própria poderia ser um House. Mas não era assim. “Sua vida não é um seriado, Corina” ela se dizia. Pegou um café na cafeteira e correu para sua sala. Aquelas dúvidas voltavam para sua cabeça. “Oque eu queria fazer da vida?” “Medicina é o que eu realmente quero?”. Lembrava de seus 15 anos, ela estava igual, regredindo no tempo. Parece que, agora que ela conseguiu tudo pelo que ela lutou, ela percebeu que não era bem isso que ela queria. Abriu a porta da sala e, distraída, começou a ajeitar seu cabelo em frente ao espelhinho do banheiro, nem percebendo a garota sentada na poltrona. Quando saiu do banheiro, passou pela menina sem a perceber e começou a arrumar a sala. A menina, que a observava atentamente, finalmente disse “Por que estás fazendo isso?”. Corina parou e olhou para trás. Uma menina, de mais ou menos 14 anos, a olhava, tinha cabelos loiros que pendiam em seus ombros e olhos azuis, portadores de um olhar singelo e sonhador. Ela lembrou-lhe a ala da maternidade. Demorou alguns segundos até que ela se lembrasse que era sua paciente. Corina riu e disse:
-Oi, você chegou cedo! – A menina sorriu e se desinteressou e, desviando o olhar, disse:
-Não tinha mais nada pra fazer... – Corina olhou a ficha da garota.
- Muito bem, Olívia. Oque te traz aqui? – Ela não sabia muito bem como tratar de uma menina pré adolescente. Não sabia se dava jogos pedagógicos ou conversava. Era muito rara uma paciente “meio termo”. Não sabia também se ela queria estar ali, mas isso era outra história.
- Eu não sei... – disse a menina se distraindo com a janela- e você? Oque te traz aqui?
Corina sorriu – Ora, meus clientes! Mas...
- Ah, não seja boba! Não vens aqui apenas pelos clientes, não é?
- Bom, eu venho sim. Para ajuda-los. Só que para isso, eu preciso saber oque os incomoda...
- Me incomoda ver que você está aqui só por causa de pessoas que não te conhecem, que vem implorando por ajuda e no fim vão embora. Não aparecem mais, apesar de tu ter, quem sabe, salvo a vida delas. Na verdade, eu acho que os médicos tinham que se preocupar mais com eles mesmos, não acha?
- Bom, é que nós estamos aqui para isso... É só isso que te incomoda? Eu? Uma pessoa que você nem conhece direito? – disse Corina, sorrindo
- Mas não estou falando de todos eles, estou falando de ti. Tu querias estar mesmo aqui? – disse a menina se voltando repentinamente para a doutora.
- Bom, sim. Eu lutei muito para chegar onde eu estou... É um emprego que me faz feliz! – mentiu Corina, que foi cortada pela paciente, de novo:
- Me incomodam mentiras também, a você não? Não, você não entendeu! Não perguntei se estás feliz! Perguntei se tu queres estar aqui! Se você gosta disso tudo!
Corina pensou um pouco: apesar do cansaço e das dúvidas que não largavam sua cabeça, ela era feliz mesmo no seu trabalho. Respondeu por fim – Se eu estou feliz aqui...
- Já parou pra pensar que nem sempre oque queremos é o que nos faz feliz?
Corina riu – Mas é claro que é o que nos faz feliz. Vivemos em busca disso.
Foi a vez de Olívia rir, sua risada lembrava da sinfonia da ala da maternidade:
- Não, vivemos seguindo a sociedade. Seguindo o que os outros dizem, seguindo nossos pais... Todos fabricam e aperfeiçoam uma felicidade que não existe, mas a usam como consolo. Existem alguns muitos felizes no mundo, sim, felizes. Eles não foram atrás da felicidade.  E sim, do que eles queriam. Lutaram pelo que eles queriam, não pelo que faziam eles felizes. O que nos faz feliz, pode ser simplesmente comer um doce que gostamos. Estou falando de uma coisa maior, uma coisa que muda tudo. A sua vontade combinada com o que você quer, muda toda uma vida para outro rumo. Por isso te pergunto, é isso mesmo que queres?
Corina ficou um pouco tonta com a resposta da menina. Estava tudo embaralhado, ela não era mais a doutora, era a paciente. A menina de 14 anos era sua doutora.
- Eu não sei...
A menina lhe deu um olhar de quem cuida – Sim, você sabe. É só pensar atrás do que seus pais lhe diziam...
- Na verdade, eu queria ser atriz. Eu fazia teatro na escola e amava tanto aquilo...
Corina estava muito confusa, o que ela estava fazendo. Olívia, com o olhar vencedor, disse – E por que não foi atrás disso?
- Era um emprego incerto e...
- Então você não queria isso... Ou, pensando bem, quem te disse que era incerto?
-Minha família. Eu só precisava de apoio, entende?
Olívia riu – O maior apoio que você pode receber é de você mesma. As pessoas tem um vicio gigante de imaginar o futuro perfeito de alguma pessoa e batalhar o máximo para ser como elas querem, e esquecem até de perguntar se ela quer isso também. Por isso, se é o que você quer, ninguém melhor pra batalhar por isso do que você. Não deve se importar se alguém criticá-lo, porque, afinal, é a pessoa que faz o futuro dela. Ela pode ser, no seu caso, uma ótima atriz com uma carreira invejável, se ela batalhar muito.
Corina, ainda não convencida, torceu o nariz e continuou – Tinha medo de me arrepender no futuro, estragar tudo, quando poderia ter seguido o que os meus pais disseram.
Nervosa, a menina respondeu – Em primeiro lugar, como eu já disse, você não estragaria nada se você quer tanto quanto diz. E também, não podemos nos arrepender do que realmente queremos pois isso define quem você é. Se você voltar atrás agora e seguir seu caminho, pode deixar de ter tudo o que você tem, toda essa felicidade. Mas o gostinho de conseguir o que você sempre quis, não existe igual. – Terminou ela com um olhar sonhador, enquanto encarava a janela.
Uma vontade repentina começou a crescer dentro de Corina. Como se estivesse segura, sem nenhuma dúvida que a perturbasse. Sentiu como se a ala da maternidade estivesse dentro dela. Uma sensação calorosa de esperança reconquistada estava tomando ela mesma. Com um sorriso, virou para a menina e disse – Vou pensar sobre isso...
A menina abriu um sorriso gigante e disse – Faça isso mesmo. Mas começa com calma, né.
Corina agradeceu a menina com um abraço e disse – Mas bem, estamos aqui a meia hora falando apenas sobre mim, vamos falar de ti ag... – O bipe soou novamente, interrompendo-a. Ela sentou na sua cadeira e leu: a sua cliente havia chegado e a aguardava na sala de espera. Ela riu e quando subiu o olhar, a menina de 14 anos, com os olhos azuis singelos e sonhadores e que agora portava um sorriso enorme, não estava mais lá.
Encontros.

Ela caminhava pela rua.
Ela procurava alguém.
“Ora, tu não procura alguém! Tu procura ele!  Seja menos difícil, menina! Olha para todos esses que te apresentei, que se interessaram, qualquer uma estaria realizada com isso!” – sua melhor amiga havia dito a ela a alguns minutos.
 Agora ela caminhava pela rua. Esperava que o vento mexesse em sua mente, refrescasse seus pensamentos.
Ela não era tão difícil assim. Obvio que não. Só que todos esses a quem era apresentada não eram tudo aquilo.
“Meu deus, amiga! Acorda! Eles são lindos, queridos, tem uma conversa boa, um sorriso lindo.. Oque mais tu quer?”
Ela encontra um banco e senta.
Certo, talvez eles fossem sim alguma coisa, quem sabe até algo bem perto de tudo aquilo. Mas tudo aquilo não eram. Não podiam ser.
“Mas esse aí é tudo aquilo e até, quem sabe, mais”
Mais um desses meninos tudo aquilo vinha chegando. Realmente, ele era lindo, tinha um sorriso lindo, um rosto de garoto bem como ela sempre fala que acha uma graça e os olhos dele brilhavam com a luz do sol.
Era apenas mais um daqueles. Mais uma tentativa da amiga.
“Tá, agora vai que tu tem um encontro. Não me decepciona!”
Quanto mais perto ele chegava, maior era o sorriso no seu rosto.
Ela o olhava chegando, e aos poucos, foi vendo uma outra pessoa no lugar dele. Viu o cabelo escuro sem penteado. Viu os olhos castanhos profundos. Viu aquele sorriso brincalhão e as piadas sem graça. Viu o gosto musical estranho, mas que ela gostava demais. Viu aquele olhar que só ela entendia. Viu todo o passado, presente e futuro. Pelo menos, dentro dela. Viu aquele garoto que tinha imperfeições, mas isso o deixava ainda melhor. Ela via... Ela via ele.
Sentiu seu coração bater rápido, seus olhos brilharem e um sorriso bobo brotar em seu rosto. Teve vontade de sair correndo e abraça-lo, mas quando se levantou e olhou novamente para ele, ela viu. Ela viu oque ela não viu. Ele não estava mais lá. Quem estava lá era o garoto mais lindo que ela já tinha visto, com o sorriso de propaganda de pasta de dentes e com os olhos mais bonitos ao sol, caminhando em direção a ela. Mas não era ele.
“Por favor amiga, faz esse favor por ti mesma, dá uma chance pra ti”
Ela tinha visto ele. Mas isso seria impossível. Agora era o outro. Sua cabeça havia dado um nó. E a realidade, um chute. Seus pensamentos estavam enchendo sua mente, estavam transbordando pelos seus olhos e ouvidos. Talvez o vento havia apenas embaralhado todos, ao invés de refresca-los. Estava tudo trocado, ela estava confusa e ficou enjoada. Sentiu vontade de chorar, mas, quando olhou de novo, o garoto tudo aquilo estava parado em sua frente, com um sorriso de orelha a orelha.
Ela via a boca dele se mexer, mas não ouviu nada. Ela queria dar oi ao menino, ser educada. Mas era tudo tão errado. Ela não queria aquilo, ela não queria mentir para si mesma que estava bem quando não estava. Não queria iludir aquele menino. Ela só queria ir embora, deitar na sua cama, pensar um pouco.
“Você pensa demais! De vez em quando, você tem que agir logo, sem pensar!”
A voz da amiga ecoava na mente dela. Como se ela já não estivesse barulhenta demais.
Mas não. Já chega.
Ela agia com o coração antigamente, e foi isso que a levou a ser desse jeito. Agora ela age com a cabeça. Virou para o garoto tudo aquilo e disse claramente “desculpa, não estou me sentindo muito bem.. a gente se fala depois?”
O sorriso do menino desapareceu. Ele concordou com a cabeça e perguntou “você está bem?”
As lágrimas tomaram os olhos dela, que respirou fundo, disse “Não” e saiu andando rápido em direção a sua casa. Mais um ficando pra trás, mais um garoto perfeito perdido, mais uma razão pra sua amiga desistir dela, mais uma confusão na sua cabeça. E tudo isso por causa de o que? De uma ilusão infantil de um garoto idiota que de nada acrescentou na sua vida.
“Você ainda o ama”
Ela tentou engolir o choro e tentou engolir esse fato mais uma vez.
Não conseguiu.
Ela caminhava pela rua.
Ela procurava ele.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

"Algumas pessoas são feitas para se apaixonarem, mas não para ficarem juntas."

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Liguei em prantos para o meu psicólogo, e, ao atender, logo gritei: 
"O que eu faço se o céu cair de novo?"
Ele riu e me prometeu que isso não aconteceria. Ainda desesperada, num sussurro, perguntei:
"E se o chão desabar?"
Ele, com voz de quem sorri, disse que ficaria tudo bem e perguntou:
"Há algo mais que te aflige?"
Eu olhei para os lados, com lágrimas de medo nos olhos, tomei um último fôlego e disse:
 "Mas e se eu me apaixonar de novo?"
Nada é esquecido,
Apenas evitado de lembrar.
A memória não é algo que se põe fora,
É algo que continua dentro de nós. Crescendo, se escondendo.
Aquecendo-nos ou esfriando-nos por dentro,
Tentando manter os 36 °C da nossa alma.

"O verdadeiro amor nunca se desgasta. Quanto mais se dá, mais se tem."

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012


Razões e Emoções (não é a musica do Nx Zero)
Já ouviram a música Hope do Jack Johnson? (http://www.youtube.com/watch?v=WhXs_dNTv_o)
Eu comecei a escutar Jack Johnson a pouco mais de 2 anos. É o tipo de música que te acalma, e é de uma simplicidade que te vicia. Elas te fazem querer estar em uma praia. Mais que querer, elas te fazem se sentir numa praia. E eu gostava das músicas por causa da sensação. Achava também as músicas que ele fez pra sua mulher, Kim, uma graça e era (e sou) apaixonada por elas. Ano passado, meu vício por ele deu uma guinada linda de se ver. Cheguei a ir num show dele e percebi que, não apenas as músicas, mas como o próprio Jack Johnson é de uma simplicidade incrível. 
Porém, tudo o que é demais, acaba sendo de menos. Na metade final do ano passado, passei um tempão sem ouvir NENHUMA música dele. Hoje, eu estava escutando Beatles quando começou a música “Hello Little Girl”. Na hora, me veio na cabeça a música “My Little Girl” do Jack Johnson e comecei a cantarolar baixinho
“Hey little girl, you might not know this song, this is not the kind of song that you can sing along to. But little girl, maybe someday at least that's what all the good people will say. Hey, little girl, look what you've done, you've gone and stole my heart and made it your own”
Daí eu senti um vazio no coração. Eu tinha parado de ouvir as músicas que eu mais gostava de ouvir. Eu acho que sei o porquê, mas não é esse o assunto. E esse “porquê-que-não-é-o-assunto” não podia simplesmente me impedir de ouvir oque eu gosto. Então fiz uma lista de reprodução só de Jack Johnson e ouvi. Repeti, repeti e repeti. Nada melhor do que a sensação de poder fazer oque você gosta.
Pois bem, eu fui ouvindo as músicas dele, até que cheguei numa em especial: Hope. Sempre pensei que tinha um grande mistério nessa música, havia uma parte dela que era simplesmente indecifrável pra mim, eu o resolvi e queria contar pra vocês. Ele é genial, sério.
A música diz assim: 
“It will teach you to love what you're afraid of. After it takes away all that you learn to love.
Traduzido para o português,
“Isso vai te ensinar a amar o que você tem medo. Depois, vai te tirar tudo que você aprendeu a amar.“
Nunca entendia essa parte, mas acho que agora eu consegui. No caso o “it” (ou o “isso”) é o ser racional, pensar e agir com a cabeça e não com o coração. Não sei se vocês me entendem. A música, no meu ver, tem muito desse conflito entre racional e emocional. O racional eliminando tudo que é emocional. 
Na primeira frase, ser racional vai te ensinar a amar tudo o que você tem medo. Ter medo é agir com o coração. Ser racional vai te fazer amar o que é necessário para você. Mesmo que seja uma coisa ruim, uma coisa que você não quer. Ser racional e encontrar uma razão que fará você conviver com essa coisa até que você se acostume e, no caso, não tem mais “medo” e passa a amá-la.
Depois, na segunda frase, agir racionalmente vai te tirar tudo o que você aprendeu a amar. Amar é agir com o coração. Provavelmente ele está se referindo a que as pessoas, hoje em dia, preferem ser racionais a viver pela emoção. E quando se passa para o lado extremamente racional, tudo oque temos de emocional, dos nossos sentimentos e de agir com o coração é eliminado ou escondido, no caso da música, é “tirado” de nós mesmos. Ou também essa preferencia pelo racional pode ter vindo de uma decepção amorosa. 
As vezes, quando passamos por uma decepção emocional, temos a ilusão de que, se formos  o máximo racionais possível, conseguiremos passar por cima dela. O ruim é que as pessoas estão se tornando muito racionais! E é bem sobre isso que a música trata. Percebemos a leve crítica sobre essa sociedade extremamente racional quando ele desfecha essas duas frases com a frase mais genial dele:
“But you don’t always have to hold you head higher than your heart.”
“Mas você não precisa sempre deixar sua cabeça acima do seu coração.”
(eu sempre aconselho todos com essa frase - até a mim mesma-, mas meu sonho é ser aconselhada com essa frase)
Nunca entendia a conexão entre essas tres frases, mas não sei porque eu entendi hoje. Deve ser porque ouvi hoje com uma experiência que faltava antigamente, ou porque amadureci, ou porque simplesmente eu parei pra pensar.
Mas é bem fácil depois que se entende. Se vocês prestam atenção na aula de português, o “but” (ou o “mas”) dá um sentido de oposição, fazendo a oração em que se está empregado se opor à anterior. Ou seja, apesar de a sociedade atual optar muito pela racionalidade que faz (ou ajuda) aquelas duas coisas citadas, ela não deveria usar sempre a cabeça ao invés do coração. Porque as coisas mais belas da vida se obtém através da emoção.
Depois ele completa com 
“You better hope you’re not alone” 
“É melhor esperar que você não fique sozinho”
Porque, como você já sabe, todos que são muito racionais, acabam por preferir a solidão. Porque essa coisa de amizade, amor, é tudo sentimento. Tudo emocional. E ficar sozinho não faz bem a ninguém, apesar de sermos teimosos demais em relação a isso. Alguns racionais acabam por ter laços monetários, onde o interesse é apenas o dinheiro, ou algo que ele pode querer usufruir. Nada de amor, onde o único interesse é amar e, em troca, amado ser.
Então, meu querido Jack, diz que é melhor nós torcermos para não ficarmos sozinhos, no fim de tudo. Porque, as vezes, podemos estar cercados de milhares de pessoas, mas estarmos sozinhos. Existe uma grande diferença entre estar entre uns amigos e entre os teus amigos.
Vivemos numa sociedade onde parece que o amor e o sentimento pelos demais estão extremamente em baixa. “Hope” foi só um modo extremamente simples, apesar de ser um pouco complicado, e genial de criticar isso! 
Só lhe digo uma coisa, você não precisa sempre deixar sua cabeça acima do seu coração.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012


“Amizade é um amor que nunca morre.”
Redundância. Quase pior do que subir pra cima ou descer pra baixo. Desde quando um amor morre ou se extingue? E por quê? Por que ele simplesmente “cansou de ser amor”? Convenhamos.
Muitos negam, mas o amor nunca morre. Você pode simplesmente ignorá-lo, mas ele sempre estará lá. Nem que seja no fundo. Esperando pra te alfinetar de novo a qualquer momento.
Não importa quanto tempo tenha se passado, quantos outros amores passaram pela sua vida. Aquele amor sempre estará lá, e, querendo ou não, você estará sempre esperando por ele. 
Gastamos tanto tempo tentando destruir um sentimento que quando ele alivia damos graças e simplesmente achamos que ele não voltará mais. Ele volta. Na verdade, nunca foi a lugar algum. Por isso é simplesmente impossível não rever um velho melhor amigo sem ficar muito contente. Você o amava e aquele sentimento ainda está lá. Por isso seu coração ainda bate forte quando fala com aquele alguém. Ele ainda está lá.
Na verdade, esse é um bom modo pra responder a pergunta “Será que eu o/a amei?”. Dê um tempo e depois pergunte a seu coração. Ele sabe se ele/a ainda está lá.
Corrigindo a frase inicial, a amizade é equivalente ao amor, aquele mesmo amor que você tem pela sua “metade da laranja”. E para diferenciá-los, cito Rita Lee: “Amor sem sexo é amizade”.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Insuficiência.
Sabe quando uma pessoa é boa demais pra você?
Quando ela é boa demais para todo mundo, parece que ela existe apenas pra fazer do seu mundo um lugar feliz.
Quando ninguém seria oque ela merece.
E você se sente tão bem com ela, que a trata como a um qualquer. Mas ela não é um qualquer.
E não merece isso. Ela merece a melhor pessoa do mundo, que muito provavelmente, não é você.
Aí você culpa o mundo, culpa seus pais, você, e por fim, culpa ela.
Culpa ela tanto por ser tão perfeita que você a odeia.
"Relaxa, ela não é tão boa assim. Você está só apaixonada."
Porque a gente só odeia quem a gente ama, não é verdade?

Será. Talvez.
Hoje eu me senti culpada
Será que o meu jeito pode ter trazido o fim?
Será que estou nesse escuro apenas por causa do meu jeito?
Só percebi isso agora
Talvez nunca tenha sido todas aquelas dificuldades. 
Talvez nunca tenha sido a saudade, a necessidade de seguir em frente.
Talvez, em algum momento, você disse “chega” para mim, em frente ao telefone mudo.
Dito chega para minhas piadas, 
Para minhas ironias 
E para minhas sinceras palavras carinhosas escondidas.
Talvez tão bem escondidas entre as minhas ironias e piadas que você não as percebeu.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Eram 20h17min e passava um pouquinho do minuto em que a casa silenciava. Na verdade, silenciava apenas para Aurora. Havia alguma coisa magica nesses 30 minutos que parecia que todos se esqueciam dela. E isso era ótimo. Mas ela fazia o máximo para garantir essa solidão, desligava o celular, certificava se os pais estavam cuidando de seu irmão menor e ia para o banco do jardim, que, naquele momento, o carro da família estava estacionado no lugar exato para que ninguém a visse deitada no banco. Ela tinha 30 minutos, mais ou menos, até que alguém notasse sua falta. Aurora saiu pela porta dos fundos, as lágrimas já lutavam em seus olhos. Mas ela as engoliu e ainda falou que já voltava e seguiu em silencio até o banquinho do jardim. No momento em que ela sentou, as lágrimas aflitas saíram. Ela estava exausta. De tudo. Como com apenas 17 anos ela tinha a sensação do mundo desabar ao mesmo tempo em que ele estava equilibrado em suas costas? Será que piorava com a idade? Ela não queria nem pensar. Ela havia falhado. Mas no que? No que? Seria mais fácil perguntar no que não havia falhado. Às vezes parecia que era em tudo. Às vezes parecia que era em metade, mas normalmente parecia que era em quase tudo, pois ainda tinha seus amigos e seu irmão menor, que pareciam serem os únicos. E ainda tinha suas músicas. Mas isso não era tudo. A música podia aliviar, a fazer mentir para si mesma, mas seu coração ainda estava vazio. Seu coração não estava mais ali. Havia sido levado por ele. Ela olha para a palma da sua mão. Ela sabia que não devia fazer isso, pois isso sempre traz uma lembrança a ela. Ele. Há uns meses atrás, ele pegou a sua mão e a pôs no peito dele – tá escutando? – ele perguntou a ela, ela assentiu. O coração dele estava disparado, ela lembra os olhos dele sorrindo e conseguia ver seus olhos brilhando através do reflexo do olhar dele. Havia acabado de acontecer o inesperado, e ela nunca poderia estar tão feliz na vida dela. Uma lembrança para sempre guardada. Na palma da sua mão. Que agora estava aqui, fazendo parte da solidão das oito e quinze. Um sorriso havia aparecido em seus lábios e seus olhos, ela podia sentir, estavam brilhando, do mesmo modo como ela os viu no olhar dele. O olhar dele. As lágrimas lutaram de novo. Ela tentou combate-las, mas afinal, eram oito e quinze e ela podia. Ela chorou. Do mesmo modo que se permitiu chorar nos últimos quatro meses. Havia uma força dentro dela que queria parar de chorar, mas havia outra que não permitia, e ela era mais forte. Aurora tinha medo de ser assim sempre, não queria chorar todo dia para sempre.

Bom dia.
Tanto clichê de recomeço por aí...
-Fim do ano, comece o ano novo com o pé direito, comprando uma casa nova. Venha recomeçar com um novo emprego! Compre esta incrível geladeira com a primeira parcela só depois do inicio do ano novo!-
Levam a história de recomeçar para um lado tão materialista que dá um nojo.
Eu considero essa história de ano novo como apenas um apelo ao consumismo. Como se pegassem um ano inteiro e enchessem ele de esperanças para que as pessoas se iludam e apostem todo o seu dinheiro tentando fazer dele o melhor do melhor dos anos. 
Será que não percebem que elas querem que não só o ano novo seja o melhor, como toda a vida? Para isso teriam que continuar investindo e investindo atrás de uma felicidade instantânea que parece ser garantida apenas com aquele carro-de-cambio-automático-e-quatro-portas ou com aquela casa-de-dois-andares-com-piscina-e-banheira-de-hidromassagem. Mas e quando você tiver tudo o que deseja? Sua vida vai continuar, os anos vão se renovando. E você? Fará oque?
Não sei se já perceberam, mas eu estou tomando um novo rumo nesse texto, sobre a tal “procura pela felicidade”. Mas se vocês querem realmente saber, recomeçar e procurar pela felicidade são duas coisas extremamente paralelas, são diferentes, mas seguem o mesmo caminho. Recomeçamos para sermos mais felizes, para dar certo. E procuramos pela felicidade, para, bom, dar certo e sermos mais felizes.
Não gosto de imaginar o recomeço como um “ano novo” da nossa vida. Acho que recomeços são mais constantes que se imagina, já parou pra pensar quantos recomeços você já fundou? 
O recomeço mais esperto da sua vida após aquele falso amigo que te passou a perna. 
O recomeço mais forte depois daquela desilusão amorosa. 
O recomeço mais persistente após aquele grande objetivo não alcançado, como uma reprovação em um ano escolar ou em um vestibular, ou até ir mal em uma prova. 
Por toda essa movimentação na nossa vida, eu prefiro encarar um recomeço como um novo dia. Não importa quantas dificuldades você passou ontem (ou no passado), a vida te dá um novo dia inteiro (ou o presente) para você seguir em frente e consertar -do modo que melhor te convir- o que não funcionou ontem, para assim fazer um amanhã (ou um futuro) mais feliz e mais certo pra você.






Bom dia, são 23h54min, e eu decidi recomeçar.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Ok, agora vamos dar um time no blog...
Bom, os meus posts costumam ser mais abrangentes, sobre assuntos os quais mais gente pode ter passado por eles. Raramente são extremamente ligados a algo que aconteceu comigo, ou acontece. Mas quando são, são repletos de indiretas. Bom, hoje farei uma exceção. Vou ser bem direta e reta (?). 
Hoje é aniversário de um dos meus bens mais preciosos, o John, o Joãozinho, o Juanes, o João Lucas Carneiro Lucchese. 
Bom, primeiramente tenho que dizer que temos bem mais em comum do que apenas o sobrenome e o sangue. Temos muito mais em comum do que muitos amigos podem ter, temos muito em comum, como irmãos. Na verdade, eu o considero mais que um irmão, se é que isso é possível. Tudo o que acontece que vai intrometer ele no meio, eu sempre penso mais que mil vezes pra ver os riscos, onde ele pode se chatear, se vai machucar... E quando ele se machuca, meu deus, saiam da frente. Eu faço qualquer coisa pra detonar com o desgraçado filho da puta que o fez, e se fui eu, bom, eu simplesmente me sinto a maior idiota do mundo e faço qualquer bobice pra fazer ele rir de novo.
 Quando digo machucar, quero dizer indiretamente, pois não posso simplesmente lhe dar um soco, porque tem o lance da distância. Se bem que agora diminuída devido ao túnel. 
Antes que comecem a dizer "ah tu tá apaixonada" sim eu estou, eu sou completamente apaixonada pelo meu joão. E mato qualquer garota que partir o coração dele. 
(Essa é outra coisa que temos em comum, João, essa coisa de proteção, só que eu demonstro menos)
Mas também tenho muita coisa pra agradecer, por que realmente não sei se tem alguém que me atura mais que ele. Ele escuta tudo que eu tenho pra falar (e olha que eu falo muito, não é a toa que fiz um blog), e escuta no outro dia eu dizer as mesmas coisas só que de um modo mais dramático ainda para ver se ele percebe o quanto mal eu ainda estou. E ele sempre percebe. E ele sempre consegue fazer eu me sentir melhor. E sempre de um modo fofo, isso que me surpreende, caramba, depois de tantos consolos, como ainda parece ser sempre diferente e melhor?
Eu agradeço, João, além disso, por ter nascido tua prima. Por que fala sério, teria sido difícil demais eu ter um guri tão fofo quanto tu, que é capaz de me cativar tanto, ainda mais contigo morando longe!
E sobre essa coisa de distancia, já falei do tipo de distancia quando duas pessoas estão perto, mas ainda estão longe, tenho mais pra dizer: a nossa distancia é do tipo ao contrário: estamos longe, mas estamos perto.
E obrigada por ser assim. Obrigada demais. Tu me faz um bem descomunal.
(Claro que nessa história tem a Sofia e o Tobias Lucchese -mas não é o aniversário deles ainda)
Eu juro, @jllucchese, que se eu tivesse uma guitarra, baixo, violão, pandeiro, triangulo, bateria, banjo, tambor, soubesse cantar ou assobiar eu faria um cover de alguma musica de presente de aniversário a distancia. Quer dizer, eu tenho uma flauta, mas ninguém quer me ouvir tocar Asa Branca ou Bambalalão.
Então vou divulgar mais uma vez um negócio de qualidade que o pessoal todo tem que ver, por que esse cara sim sabe oque faz! http://www.youtube.com/user/jojujo12
E tenho mais a dizer, EU TE AMO! Continua comigo sempre sempre sempre sempre sempre sempre!


beijos beijos


p.s.: 2 covers pra ti:


(agora finja que eu estou cantando e tocando bem enquanto tu ouve)



segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Sonhar acordado.

Porque você para de sonhar quando acorda?
Ao invés de acordar e se deparar com o céu cinza
Sonhe um dia azul
Ao invés de passar o dia emburrado com problemas passageiros
Sonhe uma solução e sorria
Sua vida vale muito mais a pena se você fizer dela um sonho.

“All we are is dust in the wind”.
Quem dera eu fosse algo mais que apenas poeira no vento.
Quem dera eu poder controlar meu curso em meio às tempestades,
Que lançam e jogam a poeira para qualquer lugar.
E quando o vento para, temos apenas que aceitar a sua ação.
E tentar nos acostumar a nossa nova posição.
Apenas aceitar e nos redimir as vontades do vento.
O vento é o tempo. O tempo nos joga, nos espalha, nos controla. 
Somos apenas poeiras, marionetes do tempo.
Quem dera eu fosse pedra e contra o vento poder lutar.
Combater de frente, ficar simplesmente onde eu quero.
Sentir a brisa refrescar meu rosto no lugar e momento onde eu resolvi ficar.


Agora Aurora cansou. Na verdade, cansou faz umas duas semanas. Tirou o telefone do gancho e desconectou o computador de uma maneira que ela não saberia conectar novamente. Mas abriu as cortinas, deixou as cortinas bem abertas. Não se importava mais com o tempo fechado. Não se importava mais com o chão frio, agora andava de pés descalços. Não se importava com mais nada. Só não queria uma única coisa: mais decepções. Bom, se querem realmente saber, Aurora não se importava mais nem com isso – venham, digam o que quiserem, doa o que doer. Só, por favor, se tens algo para falar, fale. Saía para trabalhar cedo, e lá tinha que falsificar sua felicidade. E parecia que ninguém percebia. Bom dia, ela dizia, mas ninguém respondia. Antes dessas duas semanas, Aurora se esforçava, conversava, sorria, encorajava e sempre parecia bem, mesmo estando horrível por dentro. Agora Aurora cansou. Ainda sorria e dava bom dia para não perder o emprego. Encontrava velhos amigos na rua e nem eles pareciam perceber como ela estava por dentro. Seus sapatos machucavam. O chiclete perdia o gosto. O céu estava nublado. Tudo estava errado. Preferia estar em casa, sozinha. Ontem, ela chegou em casa e largou a bolsa pesada no sofá, tirou os sapatos que machucavam e olhou para suas unhas. Havia passado mais um dia e ela esquecera novamente de comprar a acetona, mas ela não se importava mais. Ela mentia para si mesma. Ela mentiu todas as últimas linhas pra vocês. Ela cansou, claro, mas não deixou de se importar. Quando a dor vira mágoa, ela incomoda. Simplesmente incomoda. Irrita, não permite que a esquecemos. Ela olhou para o telefone fora do gancho. Lágrimas incontroláveis vieram a seus olhos, mas ela havia prometido a si mesma não chorar mais. Não por esse vazio que a persegue nos últimos meses. Não por ele. Engole as lágrimas, porém, dentro de si, sente a mágoa irritante. Ela grita. Ela machuca, mais que os sapatos. Talvez não sejam eles que sempre a machucaram, e sim a mágoa. Sente uma vontade incontrolável de gritar, ela pega o travesseiro mais próximo e abafa o grito nele. Não aguentava mais o fato de não ter falado. De ter sido ela quem, talvez, estragou tudo. Ela sabia que tinha que fazer uma coisa, e agora. Seu cérebro gritava para ela não o fazer, mas o lado esquerdo do peito falava calorosamente – vá, é o certo, faça. Ela pegou o telefone. As lágrimas subiram aos seus olhos enquanto ela digitava aqueles oito números, coisa que fazia rindo antigamente. Seu coração disparou quando o outro lado da linha atendeu e falou com a voz que seu ouvido mais desejava ouvir nos últimos meses - Alô. Seu corpo estremeceu, por um minuto pensou em desistir, em desligar, em jogar tudo para o alto e continuar com os sapatos apertados, o chiclete sem gosto e as unhas descascadas até a próxima maré de coragem chegar. Alô? – aquela voz que fazia seu coração disparar disse de novo. Era agora ou nunca e ela não aguentava mais um dia com os sapatos apertados. Era agora.
                                                               “Eu também te amei.”
E desligou. Com lágrimas nos olhos e sem tchau, beijos e até amanha. Sem palavras carinhosas e sinto sua falta. Apesar de tudo, Aurora estava orgulhosa de si mesma. Colocou os chinelos mais confortáveis que tinha, jogou o chiclete fora e foi até a farmácia comprar uma acetona, agora que o sol voltava a surgir.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Distância distante.
Distância. Distância não é apenas estrada asfaltada, de terra batida ou de paralelepípedos. Não são apenas oceanos, mares e ares. Não são estados, países, continentes. Só basta que duas pessoas estejam apenas distantes. Distante. Não necessariamente do modo físico, pois, por mais que negamos e reelevamos o tempo todo, a distancia mais comum é a que vem de dentro. A distância mais doída, ardida. Como se o clima esfriasse, o tempo fechasse e dois grandes amigos simplesmente não tem mais o que falar. O que é impossível. O que faz dois grandes amigos se afastarem? O que faz ser tão ardida uma coisa que nem fundamento tem? Aonde posso procurar por respostas?


Estou distante, repleta de milhas de distância de uma pessoa que não tem fundamento para estar longe. 

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012


Antíteses
O mundo vazio de fora,
Pesa no mundo cheio de dentro.
O mundo cheio de dentro,
alivia o mundo vazio de fora

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012


Viagem.

O chão toca o sapato, que toca o menino, que toca o barbante, que toca a pipa.
A pipa toca o céu, que toca a nuvem, que toca o sol, que toca até a torre Eiffel.
A torre Eiffel toca milhares de sapatos, que tocam o chão, que tocam a França.
A França toca a Europa, que toca a Ásia e a África.
A África já tocou a América Latina. Que toca samba que tocam os ouvidos do menino.
Que toca o chão que toca o sapato.
E quando a gente se toca, já tocamos o mundo.

Metáforas enamoradas.

Amor é escansão. Paixão é verso livre.



Uma pequena historia de dentro da gente.

O coração não é tão pequeno quanto parece, lá mora tudo oque saturou e transbordou da cabeça. Olha que é muita coisa.
Dizem que são pedacinhos da nossa alma que cansaram de ser raciocinados e preferiram ser sentidos. São tantos pequenos pedacinhos, que acabam formando uma nova alma. Uma nova alma dentro da nossa própria.
Dizem que essa nova alma se chama Verdade, é uma mulher que se guarda e chateia tanto que ela só aparece quando a nossa alma de mentira se cansa de Verdade.
Assim, exausta e em sinal de protesto contra a Verdade, a nossa alma de mentira abre a boca e, em menos de um piscar de olhos, a Verdade malandra sai toda pra fora e trata de, ela mesma, tratar da nossa vida.
Nem sempre acaba bem.
A Verdade pode ser uma mulher traiçoeira. Ás vezes ela é até obscura. Por isso muitos têm medo dela.
Acho que ela é uma metida. E tenho dito. 

Jogo de palavras com fim triste.

Tudo que cresce, aparece.
Tudo que desce, desaparece.
Tudo que acontece, acresce.
Ou seria
Tudo que cresce, acresce.
Tudo que desce, aparece.
Tudo que acontece, desaparece.
Ou seria
Tudo que cresce, desaparece.
Tudo que desce, acresce.
Tudo que acontece, aparece.
Porém,
Tudo que parece, nada é.
E a rima?
Parecia que vinha, não veio.

Margarina derretida.

É a propaganda de margarina que todos sonham viver, com coração de manteiga (ou seria margarina?) derretida, a família olha (,sonha ou devora) a propaganda, comendo (,sonhando ou olhando)a  sua margarina, sem olhar nos olhos de seus filhos, sem olhar nos olhos de seus pais, olham nos olhos da felicidade inventada do falso mundo ensolarado da margarina ilusiva.


Se você ler o texto do título em voz alta...

Perceberá que rima.
Não era pra rimar. Mas é assim que se rima. É só traduzir tudo que pensar