O Submarino Amarelo
De todas as pessoas do mundo, eu gosto das que se
diferenciam. Mas, dessas poucas, consigo deixar o grupo ainda mais restrito:
Cativam-me as pessoas felizes: que sorriem para estranhos e
dão bom dia no elevador, que agradecem o atendimento no supermercado e que não
te tratam com desprezo por você não usar a roupa mais cara ou morar no melhor
condomínio do melhor bairro da capital do mundo. Cativam-me as pessoas que
sabem viver a vida: digo, que sabem que a vida é muito mais que aquela festa no
sábado, para a qual colocar um vestidinho curtésimo ou um boné novo e pegar
geral parece ser essencial. Cativam-me as pessoas que assumem a sua
personalidade e tem noção de que o ridículo não é ter cabelo meio roxo e meio
azul, mas sim, ser alguém que não é. Cativam-me pessoas criativas e pessoas que
se destacam pelo sorriso. Cativam-me as
pessoas que zelam por seu gosto e não deixam se levar por modinhas que vão aos
seus extremos constantemente. Cativam-me as pessoas que tomam um porre com os
amigos, mas não veem diferença alguma com ver um bom filme tomando suco de
laranja com eles. Cativam-me as pessoas que gostam da sua família e dão valor a
ela. Cativam-me pessoas que rompem tabus mundiais, como homens cavalheiros que
não escondem os sentimentos e as lágrimas e mulheres fortes que batalham e
correm atrás, algumas ainda sem perder a delicadeza. E cativam-me, por fim, os
loucos assumidos, que estão sempre abertos a te mostrar que você não é o único
louco – o que, na verdade, todos no mundo são.
(Sei que citei várias perfeições e vocês devem estar achando
que os que me cativam são muitos. Sinto dizer que estão errados).
Talvez, numa imensidão toda azul, viver em um submarino
amarelo não seja de todo anormal.
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